Conheça a lenda de Matinta Pereira, personagem de Letícia Spiller na segunda temporada de Cidade Invisível

Mais um personagem clássico do folclore brasileiro é representado na nova temporada da série "Cidade Invisível", na Netflix. Quem entra em cena agora é Matinta Pereira, lenda que ronda a região Norte do país por diversas gerações, interpretada pela atriz Letícia Spiller. Mas você conhece a verdadeira história de Matinta Pereira? 

A lenda de Matinta Pereira

A própria Letícia Spiller definiu a personagem como "uma das bruxas mais temidas do nosso folclore". Em verdade, Matinta Pereira é conhecida por sua aparência de velha, com roupas desgastadas, poderes zoomórficos e, principalmente, seu assustador assovio.

Provinda da cultural oral, o mito de Matinta Pereira tem suas origens na região amazônica do país.

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Diz a lenda que se você ouvir um assovio agudo à noite, é preciso estar atento: é Matinta Pereira que importuna o sono das casas e assusta as crianças. Sábios são os que respondem "pode vir buscar amanhã". Essa é a negociação. A criatura para de assoviar quando um morador lhe promete algo em troca, como tabaco ou cachaça.

No dia seguinte, Matinta Pereira retorna ao local para buscar os itens e, caso a promessa não seja cumprida, a bruxa amaldiçoa os moradores da casa com doenças e má sorte.

Há versões em que a criatura se transforma em animais, como uma coruja "rasga-mortalha". O antropólogo brasileiro Câmara Cascudo, reconhecido pelos seus estudos sobre o folclore nacional, escreveu sobre Matinta Pereira se transformando em pássaro.

"À noite, se transforma em um pássaro agourento que pousa sobre os muros e telhados das casas e se põe a assoviar, e só para quando o morador, já muito enfurecido pelo estridente assovio, promete a ela algo para que pare. Assim, a matinta para e voa, e no dia seguinte vai até a casa do morador perturbado para cobrar o combinado", escreveu Cascudo. 

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Há histórias também que contam como capturar a Matinta Pereira. Para isto é preciso preparar um ritual. Primeiro, enterra-se uma tesoura aberta, um terço e uma chave no solo por onde Matinta passa. À noite, quando a bruxa passar, ficará presa.

Origem do nome Matinta Pereira

Originalmente, o nome da lenda na linguagem indígena é Matin-Taperê. Porém, ao longo dos anos ele foi aportuguesado como Matinta Pereira. 

O nome é associado ao som de seu assovio, semelhante ao do pássaro Tapera naevia, espécie amazônica rara, também chamada de saci, martim-pererê, matitaperê, peixe-frito, entre outros.