Comece o ano sem arrependimento! Viva leve!

Nada invade tanto os pensamentos nem inspira tanta insônia quanto o arrependimento. Talvez você se culpe por terminar um antigo relacionamento amoroso,

Redação | 26 de Dezembro de 2018 às 18:00

Maksym Azovtsev/iStock -

Nada invade tanto os pensamentos nem inspira tanta insônia quanto o arrependimento. Talvez você se culpe por terminar um antigo relacionamento amoroso, por escolher mal sua carreira ou por ter medo demais de sair da zona de conforto.

“O que sempre aparece no padrão de arrependimento é que, mais para o fim da vida, todos tendem a pensar no que não fizeram em vez do que fizeram”, diz Tom Gilovich, professor de Psicologia da Universidade Cornell, em Nova York, que estuda a diferença entre arrepender-se da ação e da inação. “Há muitíssimas coisas que não fizemos porque, socialmente, tínhamos medo.”

O arrependimento tende a nos deixar péssimos, mas nem sempre esse sentimento negativo é prejudicial. Pesquisas mostram que, a princípio, o arrependimento nos ajuda a aprender com os erros. “Os que se arrependem de uma decisão tendem a tomar decisões melhores na próxima vez”, diz Aidan Feeney, professor de Psicologia da Queen’s University, em Belfast, na Irlanda do Norte, que estuda o efeito da vergonha e do arrependimento na tomada de decisões.

Ao analisar sua situação, você pode aprender sobre si mesmo, fazer mudanças para avançar e, com sorte, criar um resultado melhor na próxima vez.

Essa técnica deu certo com Karin Schätzle. Ela passou a infância sonhando em tocar violoncelo, mas ninguém em sua pequena aldeia alemã sabia ensinar. Então ela aprendeu flauta doce e clarinete e, até a idade adulta, continuou sonhando em se torna violoncelista. Nunca procurou aulas do instrumento, convencida de que seria necessário ter aprendido na infância para ser boa. Até que, já aos 40 anos, percebeu uma coisa sobre o violoncelo: para ser profissional, deveria ter aprendido a tocar quando nova, mas essa não era sua meta. Imediatamente, ela começou a ter aulas do instrumento.

“Gostaria de não ter esperado tanto, porque adoro tocar o instrumento.”, diz Karin, de 52 anos. “Por algum tempo, quase me zanguei comigo e pensei que, se tivesse começado antes, agora poderia tocar peças mais difíceis, mas percebi que, para mim, o importante do violoncelo não é isso, é a alegria que tenho quando estudo.”

E quando o arrependimento domina os pensamentos e você não age (ou não consegue agir) para resolvê-lo num período razoável? Infelizmente, esses pensamentos repetitivos podem ter impacto negativo sobre sua vida.

Imagine, por exemplo, a aposentada que gostaria de ter escolhido ter filhos em vez de se concentrar na carreira. A situação não pode ser alterada; o arrependimento pode se tornar insuportável. Os adultos mais velhos que deixam o arrependimento tomar conta de seus pensamentos podem apresentar problemas físicos e mentais.

“Demonstramos que o arrependimento é um forte previsor da depressão nos mais velhos, mais do que nos mais novos”, diz Carsten Wrosch, professor de Psicologia da Universidade Concordia, em Montreal, no Canadá, que estuda o impacto do arrependimento na vida adulta. “Doenças como a cardiopatia têm mais probabilidade de aparecer. Não imediatamente, mas depois de cinco, dez ou vinte anos.”

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“Uma das funções primárias do arrependimento é corrigir os próprios erros”, diz Marcel Zeelenberg, professor de Psicologia Social da Universidade Tilburg, nos Países Baixos, cuja pesquisa se concentra no impacto do arrependimento sobre a tomada de decisões. “Outra função é assegurar que recordemos nossos erros e aprendamos com eles. Em ambas as funções, é importante que o arrependimento seja doloroso. Senão, ele não age como motivador.”

A lição que fica é: elevar-se acima do arrependimento é tão importante importante quanto passar por ele. Várias estratégias podem ajudar a se desembaraçar das garras fortes do arrependimento. Mas isso é algo que só você pode fazer.

POR LISA FIELDS