Como monitorar a saúde do seu cérebro

Até recentemente, não era possível olhar dentro do cérebro. Agora os médicos dispõem de uma ampla gama de ferramentas de diagnóstico.

Douglas Ferreira | 27 de Outubro de 2021 às 16:00

ThitareeSarmkasat/iStock -

Como as ameaças à saúde do cérebro podem ter graves consequências, é importante se tratar o mais cedo possível. Reconhecer o que é um sinal significativo de perigo pode ajudar a consultar um médico a tempo.

No entanto, estar atento aos sinais de deterioração mental costuma ser mais difícil do que perceber um problema físico. Conhecer os níveis normais de suas habilidades e o padrão de possíveis flutuações pode ajudar a identificar algo fora do normal.

Quando se preocupar?

Alguns distúrbios do sistema nervoso central, como o Alzheimer, aparecem gradualmente ao longo de um período de anos ou meses, e pode ser razoavelmente óbvio quando há um problema que requer atenção. Outras doenças causam sintomas aparentemente menores ou de tão curta duração que a tendência é ignorá-los. No entanto, ficar alerta e saber reconhecer os sinais de um ataque isquêmico transitório (AIT) ou de um derrame, por exemplo, pode fazer toda a diferença na hora de salvar uma vida.

Ficar atento aos sinais e monitorar mudanças vai ajudar seu médico. Os sinais de alerta incluem os seguintes sintomas:

Dor de cabeça

Na maioria dos casos é causada por tensão muscular, estresse, dieta, álcool, medicamentos, hormônios, problemas dentários, de visão ou na articulação temporomandibular. Muito raramente uma doença subjacente do cérebro ou do sistema nervoso central está relacionada. Dor severa, instantânea e persistente ou dores que se intensificam são preocupantes. Uma dor de cabeça que piora ao deitar-se pode ser um sinal de aumento da pressão intracraniana – procure um médico urgentemente.

Distúrbio visual

Problemas de visão podem ser apenas fadiga ocular, mas também sinais claros de algo iminente. Por exemplo, muitas pessoas que sofrem de enxaqueca relatam ver uma aura ao redor de objetos ou clarões logo antes do episódio de dor.

Se perder a visão, ainda que por alguns segundos, vá ao médico com urgência; pode ser um sintoma de derrame. A fotofobia pode indicar meningite quando a dor é causada somente por luz fraca.

Perda de memória

Pode ser difícil julgar se a perda é vaga ou generalizada. É normal esquecer as coisas às vezes, mas se a perda de memória for motivo de preocupação, consulte um médico.

Sensação alterada

Uma leve dormência temporária em geral não é preocupante, mas a dormência persistente talvez sinalize algum dano neural, por exemplo, provocado por esclerose múltipla ou por uma complicação do diabetes.

Fraqueza física

Caso sinta repentinamente fraqueza em qualquer parte do corpo, procure um médico o mais rápido possível. A paralisia de qualquer tipo, não importa a duração, pode ser um sinal de ocorrência do AIT, um miniderrame.

Como descobrir o que está errado?

Embora não exista um teste neurológicoespecífico para adultos,a saúde cardiovascular pode impactaro risco de derrame ou demência. Para quem tem mais de 40 anos, os médicos aconselham checar a saúde cardiovascular regularmente. Em geral, as pessoas saudáveis com mais de 40 anos devem comparar aferições de pressão arterial a cada 2 ou 3 anos, e os níveis de colesterol devem ser medidos, pelo menos, a cada 5 anos em pessoas acima dos 20 anos.

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Testes neurológicos ou psiquiátricos às vezes são indicados se uma pessoa mais velha mostrar sinais de confusão ou se houver dúvida quanto à sua saúde mental. Os testes cognitivos podem incluir uma série de perguntas elaboradas para checar a orientação, a memória e a agilidade mental. Já o exame físico pode envolver teste de visão, equilíbrio e sensação e verificação dos reflexos e da força muscular.

Às vezes, esses testes não são suficientes para detectar a demência nos estágios iniciais, sendo necessária uma avaliação neuropsicológica mais detalhada. Avaliado o problema, provavelmente o médico solicitará um hemograma e outros exames, como uma ressonância magnética ou um EEG. O profissional poderá indicar ao paciente um neurologista, um neuropsicólogo, um psiquiatra ou um geriatra.

Até recentemente, não era possível olhar dentro do cérebro. Agora os médicos dispõem de uma ampla gama de ferramentas de diagnóstico.

Tomografia computadorizada (TC)

Os médicos realizam uma TC quando suspeitam de danos ou mudanças em estruturas intracranianas – resultantes de derrames, lesões na cabeça, tumores ou hemorragia.Uma TC gera imagens em corte transversal do cérebro. Meios de contraste podem ser combinados com a TC para evidenciar os vasos sanguíneos no cérebro.

Imagem por ressonância magnética (IRM)

Uma IRM gera imagens em corte transversal do cérebro usando um potente campo magnético e ondas de rádio. Ela gera uma imagem mais detalhada do cérebro do que a TC e diferencia claramente a substância cinzenta da branca. É útil para detectar mudanças relacionadas a fatores de risco vascular. Tais mudanças podem ser vistas como pontos hiperintensos ou “claros”, que refletem o dano à substância branca do cérebro.

Uma IRM também pode ser utilizada para diagnosticar doenças como a esclerose múltipla, além de tumores e hemorragia cerebrais.

Tomografia por emissão de pósitrons (PET)

O PET scan avalia a quantidade de atividade metabólica no tecido cerebral. Injeta-se uma substância radioativa que é absorvida nas células ativas. A radioatividade detectada gera uma imagem das áreas cerebrais ativas.

Tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT)

Um SPECT scan usa raios gama para gerar imagens tridimensionais do cérebro. Esse exame é útil para comparar o fluxo sanguíneo no cérebro e é usado para diagnosticar o início de demência.

Eletroencefalograma (EEG)

Um EEG é um teste usado para medir a atividade elétrica em diferentes áreas do cérebro do paciente. Esses registros ajudam no diagnóstico de demência, epilepsia, tumores cerebrais e também de determinados tipos de encefalite.