Como reduzir o risco de doença cardíaca hereditária?

Por causa de seu histórico familiar, algumas pessoas precisam lidar com a doença cardíaca hereditária. Saiba como cuidar do seu coração!

Redação | 14 de Fevereiro de 2022 às 12:00

Peera_Sathawirawong/iStock -

Eu não fazia ideia do que estava acontecendo”, recorda Jenny Petz, mãe de dois filhos. Ela se lembra de ter pensado na hora: Por que mamãe está sentada no meu peito para falar comigo? Ela sabia que não fazia sentido nenhum, mas era a única explicação que encontrava para a extrema pressão e peso no peito que sentia, caída no chão do quarto das crianças em 2008, perdendo e recuperando a consciência. 

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Mais tarde, Jenny soube que a mãe estava lá, mas não falava com ela: estava ao telefone com o atendente do serviço de emergência, pedindo uma ambulância. Jenny, jovem, saudável e em boa forma, dera à luz oito dias antes. Com 32 anos, estava tendo um infarto.

Ela teve sorte de continuar viva

No hospital, o eletrocardiograma revelou a gravidade da situação. O infarto foi provocado pela dissecção espontânea da artéria coronária (DEAC). “É tão assustador quanto parece”, diz ela. “Uma das principais artérias de meu coração explodiu.” Outra artéria do coração de Jenny estava 90% obstruída, e, quando a gestação forçou mais o coração, a artéria obstruída aumentou o trabalho das outras, e a pressão acabou ficando excessiva.

Jenny foi levada às pressas para a cirurgia; os médicos instalaram um stent na artéria obstruída e consertaram a que tinha se rompido. Ela teve sorte de continuar viva. 

Diagnóstico: doença cardíaca hereditária

Em seguida, começou a busca para entender por que alguém que aparentemente não tinha fatores de risco de doença cardíaca sofrera um evento tão cataclísmico. O culpado: o colesterol, que chegava a 317 mg/dl, na categoria de alto risco. “Nunca fiz exame de colesterol porque achei que não havia razão”, diz ela. “Eu não tinha nenhum fator de risco óbvio.”

Um exame genético revelou a hipercolesterolemia familiar, doença que provoca o colesterol alto e traz risco de vida. Uma mutação impede o corpo de remover do sangue o LDL (lipoproteína de baixa densidade) ou colesterol “ruim”, como faria normalmente. Em geral, isso causa infartos ou acidentes vasculares cerebrais (AVCs).

Hipercolesterolemia familiar

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), uma em cada 250 pessoas é afetada pela hipercolesterolemia familiar, embora muitos, como Jenny, só recebam o diagnóstico quando surgem sintomas graves. Muita gente nunca é diagnosticada, e o colesterol elevado é atribuído a más opções de vida.

A hipercolesterolemia familiar é apenas uma das muitas doenças cardíacas que podem passar de pais para filhos, como as cardiomiopatias (doenças do músculo cardíaco), as arritmias (batimentos cardíacos irregulares) e outras.

Como reduzir os risco de doença cardíaca hereditárias?

Felizmente, até os genes mais problemáticos podem ficar adormecidos na maioria das pessoas se os bons hábitos de saúde forem prioridade. Um estudo de 2016 publicado na revista New England Journal of Medicine afirmou que as pessoas com risco genético elevado de doença cardíaca têm cerca do dobro do risco de infarto ou AVC. 

Mas elas podem reduzir o risco em extraordinários 46% com escolhas de vida saudáveis, como não fumar, se exercitar regularmente, fazer uma alimentação equilibrada e manter o índice de massa corporal (IMC) abaixo de 30.

 “Tente reduzir os riscos que você pode controlar”, diz a Dra. Ho. Ser saudável e ativo é a melhor defesa e o melhor ataque.

Atente-se ao seu estilo de vida

É claro que o estilo de vida exerce um grande papel na determinação da saúde cardíaca. Inatividade, obesidade e tabagismo são fatores que contribuem. De acordo com os CDC, a doença cardíaca é a principal causa de morte nos Estados Unidos, responsável por uma morte a cada 36 segundos.

“O risco de doença cardíaca aumenta ainda mais quando à hereditariedade se combinam as escolhas de vida insalubres, como fumar e fazer uma alimentação pouco saudável”, diz o Dr. Satjit Bhusri, fundador da clínica Upper East Side Cardiology, em Nova York.

Conheça o histórico familiar

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Conhecer o histórico familiar possibilita avaliar os riscos e tomar providências para reduzi-los. Reúna o máximo de informações possível a respeito da saúde dos seus parentes.

“Faça uma avaliação sistemática da saúde da família. Além de pais, irmãos e filhos, não se esqueça dos avós, tios, primos e sobrinhos”, diz a Dra. Carolyn Yung Ho, diretora médica do Centro de Genética Cardiovascular e professora associada de Cardiologia da Escola de Medicina de Harvard em Boston. 

“Anote o lado da família de que você está falando e quaisquer doenças importantes, além de idade e circunstâncias do falecimento de cada um. A organização ajudará você e seu médico a identificar padrões importantes”, diz ela.

A reabilitação de Jenny

Foi a estratégia que Jenny Petz, hoje com 46 anos, adotou. Depois do infarto apavorante, ela fez reabilitação cardíaca e não sofreu nenhuma lesão duradoura. Começou a tomar estatinas para reduzir o colesterol e um medicamento para baixar a pressão. Faz o possível para se exercitar regularmente e ter uma alimentação saudável. 

“Graças a essas mudanças, meu colesterol total está há anos na faixa dos 150  mg/dl, que é saudável”, diz ela. Jenny testou os dois filhos para ver se tinham a doença genética que causou seu infarto e, “felizmente, eles não a herdaram”

Por Charlotte Hilton Andersen e Karla Walsh