Pesquisa revela como a obesidade impacta a vida de pessoas em diferentes países

De todos os cantos do mundo, a pesquisa revela quem toma remédios e quem dá mais atenção ao médico.

Escrito por Elen Ribera e atualizado por Carol Ávila | 3 de Março de 2023 às 11:32

- Crédito: puhimec / iStock

A obesidade é um dos casos clínicos que mais tem chamado atenção dos países. De acordo com relatório da OMS, em 2016, quase 2 bilhões de pessoas estavam acima do peso, sendo 650 milhões em casos de obesidade. Em termos globais, cerca de 2,5 milhões de mortes por ano podem ser atribuídas à essas condições. 

É claro que, nesses casos, o combate à obesidade é fundamental para a saúde humana. Porém, as formas de lidar com corpos acima do peso é algo culturalmente distinto. Para analisar melhor a situação, a Reader's Digest realizou uma pesquisa sobre as diferentes formas que a obesidade e o sobrepeso são vistos ao redor do mundo. Confira abaixo os dados de cada país.

1. Finlândia: o país mais consciente sobre os perigos da obesidade

A Finlândia é um dos países mais conscientes sobre os perigos da obesidade e que está agindo para evitá-los. Na década de 1970, a Finlândia tinha a maior incidência mundial de doenças cardíacas derivadas de obesidade. Atualmente, o cenário mudou. Uma campanha de saúde pública para educar a população sobre alimentação, exercícios físicos e cigarros ajudou a reduzir em 46% as mortes por doença cardíaca nas últimas décadas e acrescentou cinco anos, em média, à expectativa de vida dos finlandeses. 

Um dos pontos mais importantes dessa virada foram os incentivos comunitários, como a campanha “Pare e Ganhe”, em que as cidades concorreram a prêmios com base em quantas pessoas pararam de fumar, reduziram o nível de colesterol ou perderam centímetros de barriga.

A nossa pesquisa descobriu que 83% dos finlandeses já tentaram emagrecer pelo menos uma vez, número 10 pontos percentuais mais alto do que todos os outros países examinados. 

2. Brasil: o país onde se sente a maior pressão para ser magro

Já no Brasil, a pesquisa mostra que 71% das pessoas tentaram emagrecer ao menos uma vez, principalmente por motivos de saúde. Esse percentual está relacionado com dados sobre os gêneros das pessoas. Cerca de 80% da mulheres já tentaram emagrecer enquanto na parte dos homens o percentual foi de apenas 62%.

O Brasil é um dos lugares mais atentos ao corpo no mundo. No Rio de Janeiro, por exemplo, onde se usa o mínimo possível de roupa durante o verão, há um genuíno culto ao corpo, e a necessidade de estar em forma é um fardo.

A nossa pesquisa revelou que 83% dos brasileiros acham que se dá importância demais ao peso, e os homens (77%) sentem-se quase tão pressionados quanto as mulheres (89%). No Brasil, o principal motivo para perder peso, com 75%, é ser mais saudável. Outro motivo alegado pelos brasileiros é aumentar a autoestima (62%). 

Talvez seja por isso que a cirurgia plástica prospere tanto no país, que o percentual da população que toma remédios para emagrecer tenha aumentado e que exista até algo como lipoaspiração dos dedos dos pés (que tem como resultado maior “definição entre os dedos”).

3. Estados Unidos: o país onde as mulheres mais desejam que o marido emagreça

Cerca de 51% das mulheres norte-americanas casadas gostaria que o marido fosse mais magro. Do mesmo modo, 47% dos homens norte-americanos casados querem o mesmo das esposas. 

Mas há uma certa dissonância misturada à insatisfação das mulheres: 68% das entrevistadas naquele país disseram que a cultura estadunidense é excessivamente obcecada pelo peso. Evidentemente, elas aceitam melhor a barriga, desde que não seja a do próprio marido.

Também nos Estados Unidos, os pesquisados disseram que é mais difícil para as mulheres estar acima do peso. Quase metade dos americanos (58% das mulheres e 37% dos homens) expressaram esta opinião. 

A maioria dos países examinados acredita que é igualmente difícil, para homens e mulheres, estar acima do peso. Porem, algumas exceções se demonstraram impressionantes: 57% dos chineses disseram que estar mais cheinho não representa um problema para ambos os sexos. 

4. Índia: o país onde os maridos mais desejam que a mulher emagreça

Já para a Índia, os desejos se revertem. Cerca de 48% dos homens indianos casados admitem estar insatisfeitos com o corpo das esposas, enquanto 46% das mulheres indianas dizem o mesmo. Igualmente infelizes, os casados da Índia estão inseridos, aparentemente, no sistema complexado de pressionar e padronizar o corpo do outro. Em verdade, todas as sociedades, apesar das singularidades, estão enraizadas nesse contexto. 

A Índia também é o país em que ganhar peso pode atrapalhar a sua promoção de trabalho.
Sessenta e sete por cento dos indianos dizem que ser gordo pode “interferir gravemente” com o progresso na carreira. São 10 pontos percentuais a mais do que em todos os outros países pesquisados. Na verdade, 41% da população admite tentar emagrecer a fim de obter uma promoção. E esse é um dos poucos casos, entre todas as categorias pesquisadas, em que os homens (52%) se sentem mais pressionados a perder peso do que as mulheres (31%).

A ideia de que os quilos a mais podem levar a um beco sem saída no serviço também é generalizada na Alemanha e nas Filipinas.

Em comparação, os números no Brasil são bem menores: cerca de 9% dos brasileiros acham que estar acima do peso pode interferir na carreira, mas apenas 6% admitem fazer regime para impressionar o chefe. 

5. Hungria: o país onde se é amado de qualquer jeito

Os húngaros, por outro lado, têm menos tendência a sentir que os quilos a mais sejam alvo de desaprovação pública. Apenas 28% da população húngara afirmou que a ênfase do país sobre o peso era grande demais).

Além disso, dentre todos os países pesquisados, é mais provável que a parte da população húngara casada esteja satisfeita com o corpo de seu cônjuge. Só 11% dos húngaros e 14% das húngaras disseram que o(a) parceiro(a) precisa perder alguns quilinhos. 

6. China: o país onde se toma mais remédio para emagrecer

Aproximadamente 37% dos chineses admitem tomar remédios inibidores do apetite. Especialistas dizem que a preocupação com o corpo está crescendo em toda a China e que os remédios para emagrecer são considerados uma forma rápida e requintada de chegar ao peso ideal. O problema é que esses comprimidos podem acabar sendo fatais, uma vez que sua fabricação não é regulamentada.

Na nossa pesquisa, em todos os países, as mulheres têm mais tendência a tomar medicamentos para emagrecer do que os homens. (Na China, por exemplo, a proporção é de 48% contra 18%.) 

O Brasil (30%), a Rússia (24%) e o México (23%) também são rápidos na hora de recorrer a esses remédios. Já nos Estados Unidos, 19% dos pesquisados já tomaram comprimidos para emagrecer, entre eles 23% das mulheres e 14% dos homens. 

7. Suíça: o país onde há maior tendência a ignorar os conselhos médicos 

Quando perguntamos para pessoas do mundo inteiro qual a principal razão para emagrecer, as ordens médicas raramente foram mencionadas. Entre os entrevistados, os suíços é que revelaram menos crédito à insistência do médico (apenas 11% a citaram como principal força motivadora).

Os mexicanos (46%) e os franceses (39%), por sua vez, são os que dão mais ouvidos aos doutores.

8. Rússia: o país onde a tendência é culpar os pais e ainda se fuma para tentar emagrecer

Espantosos números aponta que 70% dos russos indicam a genética como principal razão para precisarem de roupas mais largas. Alemães (61%) e indianos (50%) vêm em seguida. No Brasil, apenas 13% culpam os pais pelo ganho de peso ao longo da vida.

Além disso, a ideia de fumar para reduzir o apetite costuma ser considerada um péssimo negócio em todo o mundo, mas persiste em alguns países: China, Filipinas, México e, especialmente, Rússia. Cerca de 23% dos homens russos e 18% das mulheres russas admitem fumar para emagrecer. Já no Brasil, apenas 3% fumam para perder peso. 

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9. Filipinas: o país onde há maior tendência a culpar a si mesmo por ser gordo

Embora talvez não estejam em boa forma, pelo menos temos de louvar a sua honestidade. Noventa e cinco por cento dos filipinos afirmaram gostar da boa comida e 82% admitem não ter força de vontade suficiente para resistir. Na verdade, só 38% da população filipina já tentou emagrecer.

Como o Brasil se compara: 75% dos brasileiros admitem que a falta de atividade física é a principal razão para estarem gordos. Apenas 36% culpam a irresistibilidade da comida. 

10. França: o país onde se tende a culpar os americanos

Será mesmo uma surpresa? Talvez não, devido às discordâncias nas últimas décadas entre franceses e americanos na política externa. Mais do que em todos os outros países pesquisados, os franceses indicam a fast-food e os hábitos alimentares americanos como culpados pelas barrigas cada vez maiores.

É um tanto tranquilizador observar que, pelo menos, os americanos entrevistados na pesquisa admitem e se responsabilizam pelo que fazem. Setenta e dois por cento dos pesquisados dizem que a fast-food, tipo de culinária inventada nos Estados Unidos e exportada por eles, promove a obesidade.

11. México: o país com a abordagem mais saudável do emagrecimento 

Noventa e três por cento dos mexicanos tentaram adotar alimentos mais saudáveis e nutritivos em sua rotina para alcançar a boa forma. Além disso, 86% tentaram praticar mais atividade física. Mais do que todos os países pesquisados, o México sabe o que é preciso fazer.

Como o Brasil se compara: 65% dos brasileiros tentaram se alimentar de maneira mais saudável e também 65% tentaram se exercitar, mas 62% ainda recorrem às dietas da moda (contra 55% dos mexicanos). 

Além disso, mais da metade dos mexicanos também interpretam o ganho de peso como um empecilho nas atividades sexuais.

12. Austrália: o país onde ser gordo mais atrapalha quem quer "ser sexy" 

E não é só o México. Na Austrália, a maioria da população (52%) diz que ser gordo “interfere gravemente” com a felicidade na cama.

O interessante é que os húngaros (15%) e os holandeses (18%) têm a menor probabilidade de dizer que o peso faz alguma diferença. Aliás, em todos os países, os homens são mais inclinados a pensar assim do que as mulheres. 

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Para o brasileiro, estar mais gordinho parece não atrapalhar o desempenho sexual. Apenas 29% disseram que estar acima do peso representa um problema. E quase não há diferença de opinião entre os sexos: 30% dos homens contra 27% das mulheres. 

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