Queda de cabelo na quimioterapia: especialista revela enfrentar esse desafio e acelerar a recuperação capilar com segurança

Dermatologista aborda como enfrentar a queda de cabelo durante o tratamento do câncer e compartilha métodos eficazes para recuperar a saúde dos fios,

Luana Viard | 16 de Outubro de 2024 às 14:20

A queda capilar durante o tratamento de quimioterapia pode afetar a autoestima de muitos pacientes, dicas de dermatologista podem acelerar o crescimento das madeixas. - KatarzynaBialasiewicz / istock

A perda de cabelo é uma das experiências mais temidas e evidentes durante o tratamento do câncer. Além de exteriorizar a batalha interna contra a doença, a queda dos fios frequentemente impacta a autoestima e a percepção de identidade dos pacientes.

Para muitos, observar o cabelo se desvanecendo é tão difícil quanto lidar com a própria enfermidade, uma vez que os cabelos simbolizam mais do que um aspecto estético; eles representam força, feminilidade e a autoimagem.

Alopecia induzida

Durante o tratamento, especialmente em regimes que incluem quimioterapia, a alopecia induzida é um dos efeitos colaterais mais frequentes. Compreender as razões e os mecanismos por trás desse fenômeno, além de saber como enfrentá-lo, pode ajudar a tornar essa experiência um pouco mais suportável.

A dermatologista e especialista em tricologia, Dra. Hevelyn Mendes, detalha as causas desse efeito e oferece dicas para reduzir a queda de cabelo e estimular a recuperação capilar após o tratamento.

Por que a queda de cabelo acontece durante a quimioterapia?

A quimioterapia atua como um exército em batalha, direcionando seus ataques contra células que se dividem rapidamente, uma característica comum das células cancerosas. No entanto, células saudáveis que também se reproduzem rapidamente, como as dos folículos capilares, são afetadas durante esse processo.

Quando os folículos, que são as estruturas responsáveis pelo crescimento dos fios, são comprometidos, o desenvolvimento do cabelo é interrompido, fazendo com que o fio entre precocemente na fase de repouso, chamada telógena. A partir desse ponto, a queda de cabelo começa a se intensificar.

A gravidade desse efeito varia conforme fatores como o tipo de medicamento empregado, a quantidade administrada e o tempo de uso. Certos fármacos, como a ciclofosfamida e o paclitaxel, são particularmente prejudiciais para os folículos, levando à queda de cabelo não apenas no couro cabeludo, mas também em sobrancelhas, cílios e em outros pelos do corpo.

O impacto psicológico da queda capilar durante o tratamento de quimioterapia

Para muitos pacientes, o cabelo representa uma parte fundamental de sua identidade. A queda de cabelo, portanto, não se resume a uma alteração na aparência, mas resulta em uma vivência emocionalmente dolorosa, que pode provocar sensações de fragilidade e diminuição da autoestima. Pesquisas indicam que a alopecia causada pela quimioterapia está fortemente associada a problemas de humor, como depressão e ansiedade, especialmente entre o público feminino.

É importante destacar que a queda de cabelo é algo passageiro. Com o apoio correto e táticas de cuidado, é viável não apenas atravessar essa fase com maior autoconfiança, mas também promover a regeneração dos fios, fazendo com que eles retornem mais saudáveis e robustos após a conclusão do tratamento.

Como minimizar a queda capilar durante o tratamento?

Embora a prevenção completa da queda seja difícil, existem estratégias que podem ajudar a reduzir a gravidade do problema. Uma das técnicas mais promissoras é a crioterapia capilar, também conhecida como uso de touca gelada.

1. Crioterapia capilar: Definição e funcionamento

A crioterapia capilar consiste na aplicação de uma touca resfriada sobre o couro cabeludo antes, durante e após a administração de quimioterapia. A baixa temperatura reduz o fluxo sanguíneo na região, limitando a quantidade de medicamento que chega aos folículos capilares. Isso resulta em uma diminuição da perda de cabelo. Pesquisas indicam que até 50% das pacientes que utilizam a touca fria conseguem manter uma quantidade significativa de cabelo durante o tratamento.

Entretanto, essa técnica não é recomendada para todos os tipos de câncer, especialmente aqueles que apresentam risco de metástase no couro cabeludo. Portanto, é essencial conversar sobre essa alternativa com o oncologista e um dermatologista antes de começar a terapia.

2. Cuidados capilares: preparando-se para a queda

Antes de iniciar o tratamento de quimioterapia, há algumas ações que podem ser realizadas para cuidar do cabelo e minimizar o efeito da queda:

Corte antecipado: Reduzir o comprimento dos fios pode ajudar a amenizar o impacto emocional, uma vez que a perda em cabelos longos costuma ser mais perceptível.

Hidratação intensa: A quimioterapia pode causar um ressecamento significativo no couro cabeludo. Manter a hidratação com loções suaves e máscaras que contenham ingredientes calmantes, como aloe vera e pantenol, contribui para a saúde da pele e diminui a irritação.

A recuperação capilar após a quimioterapia

A notícia positiva é que, na maior parte das situações, o cabelo tende a rebrota entre 1 a 3 meses após a conclusão do tratamento. Contudo, o crescimento inicial pode apresentar irregularidades e divergir do padrão habitual, com mechas mais finas, onduladas ou até com coloração diferente. Essas mudanças, chamadas de "cabelo quimio", normalmente são temporárias e costumam se estabilizar ao longo de 6 a 12 meses.

Sugestões para favorecer o crescimento capilar após o tratamento:

1. Minoxidil tópico: O minoxidil pode acelerar o crescimento dos cabelos. Contudo, seu uso deve ser feito sob a supervisão de um médico para assegurar que não haja interações com outros medicamentos.

2. Tratamentos capilares inovadores: Terapias como a LEDterapia, que emprega luz de baixa intensidade para ativar os folículos, e o microagulhamento com fatores de crescimento podem favorecer a regeneração dos cabelos de maneira segura e eficiente.

3. Suplementos nutricionais: É comum haver carências de vitaminas e minerais após a quimioterapia. Suplementos de biotina, vitamina D, ferro e zinco podem ser benéficos, mas devem ser recomendados por um profissional para evitar possíveis interações com o tratamento oncológico.

4. Massagem no couro cabeludo e óleos naturais: Realizar massagens frequentes no couro cabeludo com óleos nutritivos (como óleo de rícino e óleo de alecrim) pode ajudar a aumentar a circulação sanguínea e criar um ambiente propício para o crescimento dos cabelos.

“Lidar com a perda de cabelo na quimioterapia é um desafio, mas é importante lembrar que é um processo temporário e parte de uma luta maior pela saúde. Com cuidados adequados e orientação especializada, é possível minimizar os impactos e promover uma recuperação saudável dos fios, restaurando não apenas a saúde capilar, mas também a confiança e a autoestima.”. Conclui a Dra. Hevelyn Mendes.

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