Um hábito comum pode aumentar o risco de Diabetes tipo 2; entenda estudo e mude a dieta

Pesquisadores analisaram 31 estudos, envolvendo quase 2 milhões de participantes e concluiram que certos alimentos aumentam o risco da doença.

Luana Viard | 22 de Agosto de 2024 às 16:40

Consumir carne vermelha ou processada pode aumentar significativamente o risco de desenvolver Diabetes tipo 2. - Bogdan Malizkiy / istock

Consumir carne vermelha ou processada diariamente pode elevar o risco de desenvolver diabetes tipo 2, de acordo com um estudo da Universidade de Cambridge publicado na revista científica The Lancet Diabetes and Endocrinology.

No estudo, o consumo diário de duas ou três fatias de presunto ou uma salsicha foi suficiente para aumentar em 15% a probabilidade de desenvolver a doença ao longo dos dez anos de acompanhamento. Já para as carnes vermelhas não processadas, o risco era menor, mas ainda relevante: consumir um bife pequeno diariamente elevou o risco de diabetes tipo 2 em 10%.

Mais detalhes sobre a pesquisa

A pesquisa também examinou a relação entre o consumo diário de frango e o risco de desenvolver a doença. Embora os resultados sugerissem um aumento de 8% no risco nesses casos, essa associação se mostrou menos significativa quando outros fatores relacionados ao desenvolvimento de diabetes foram considerados, em contraste com a relação observada com a carne vermelha.

Os cientistas examinaram dados de 31 pesquisas, totalizando quase dois milhões de participantes. Todos tinham mais de 18 anos e não tinham diagnóstico de diabetes tipo 2 no início do estudo.

"É um estudo com número de pessoas muito grande e temos de considerar, sim, (o consumo de carne vermelha ou processada) como um provável fator de risco", diz Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Pesquisa feita de maneira retrospectiva

Ela ressalta, no entanto, que a pesquisa foi realizada de forma retrospectiva, utilizando dados previamente coletados para outros fins. Para a endocrinologista, o ideal seria conduzir um estudo prospectivo, onde os participantes são acompanhados enquanto os dados são coletados.

Dessa maneira, seria possível controlar melhor a alimentação dos indivíduos, padronizar a ingestão de nutrientes e isolar o consumo de carne como a única variável.

Ainda assim, a endocrinologista observa que o grupo estudado era diversificado, incluindo participantes de diferentes países das Américas. "Como ele estudou a população das Américas, conseguimos extrapolar os resultados desse estudo para o nosso País", explica.

Deve retirar a carne da alimentação?

Para Tarissa, os resultados destacam a importância de diminuir o consumo de carne vermelha no dia a dia. Ela observa que não é necessário eliminar completamente o alimento da dieta, caso o paciente não queira, mas ressalta que consumir embutidos como presunto e salame diariamente não é uma opção saudável.

"O que tem na carne, principalmente na carne vermelha, que é diferente dos outros alimentos e que poderia estar levando a esse aumento de risco? A gordura animal e, nos embutidos, uma alta taxa de químicos inseridos", explica profissional.

Diminuir o consumo de alimentos ultraprocessados

É bem conhecido que o consumo excessivo de gorduras e alimentos ultraprocessados pode causar problemas de saúde além do desenvolvimento de diabetes. Por isso, a endocrinologista recomenda reduzir a ingestão desses produtos na rotina diária.

Ela sugere alternar a carne vermelha com proteínas vegetais ou de outras fontes animais, como peixes e ovos. Além disso, a forma de preparo também é importante. O uso excessivo de temperos industrializados e a adição exagerada de gordura podem aumentar os riscos à saúde.

"Presunto, salame, salsicha, esses alimentos muitas vezes temos dado para as crianças e são coisas que realmente temos que parar de consumir.", alerta a profissional

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