Alessandra Negrini fala sobre etarismo e a cobrança por padrões de beleza

"Acho um saco a pessoa chegar e falar sempre que eu estou bem aos 52 anos, que não pareço a idade que tenho… Não gosto desses julgamentos."

Márcio Gomes | 3 de Novembro de 2022 às 19:00

Divulgação TV Globo -

Longe dos folhetins desde a trama “Orgulho e Paixão”, Alessandra Negrini está de volta à TV dando vida à Guida, um dos destaques da novela “Travessia”. Aos 52 anos e muito bem resolvida com o quesito padrões de beleza, que faz questão de se distanciar, ela afirma que o etarismo, a cobrança em relação à mulher, é muito maior com as mulheres.

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“Vejo isso como um pensamento antigo. Acho um saco a pessoa chegar e falar sempre que eu estou bem aos 52 anos, que não pareço a idade que tenho… Não gosto desses julgamentos. Eu sou eu e pronto! Está na hora das pessoas mudarem o disco”, dispara.

Nada de rótulos

Ciente de que cada um tem o direito de se sentir feliz da forma que convir – e sem a obrigação de aparentar ser mais jovem que a idade real –, a atriz afirma que seguir esses rótulos impostos por outros é uma bobagem e não cabe mais esse tipo de comportamento nos dias de hoje.

“Está todo mundo gato aos 50 anos. É isso. E cada um é feliz do jeito que é. Engraçado é que não vejo ninguém fazer esse tipo de cobrança aos homens. Só para as mulheres que escuto comentários do tipo: nossa, como você está linda aos 52 anos… Isso é um pensamento de uma sociedade antiga, uma coisa chata”, fala.

Papo franco em casa

Mãe de Antônio, fruto do relacionamento com Murilo Benício; e de Betina, da união com o cantor Otto, em casa, a atriz conta que o diálogo é franco e questões como misoginia, racismo e outros estão ao acesso de todos.

“Eu não preciso levar isso para casa para ser debatido porque eles leem e está tudo em todos os lugares. Na minha casa são três gerações diferentes e é interessante esse diálogo entre nós sobre esses e outros temas”, conta.

Ciente que boa parte do país as pessoas são conservadoras, Alessandra frisa que não há mais como retroceder em relação os avanços alcançados nos últimos tempos.

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“Não tem mais como voltar sobre os direitos conquistados até aqui. Não tem como parar… Agora, é saber conviver com os dois polos, ambos respeitando quem pensa diferente. E se algo é reconhecido em lei, temos que respeitar a lei”, explica a atriz, que ao final da entrevista conta ter vontade de interpretar uma personagem popular na TV.

“Queria muito e não seria um desafio e sim um prazer. Mas acho que muitos não me veem assim… Porém, sou do povão! Sou rainha de bloco no carnaval e uma corintiana que vai ao estádio. Então, não sei o motivo por não me convidam para dar vida a uma personagem assim. Fica a dica…”, finaliza.